Não existe satisfação plena das características físicas de uma pessoa. Todos nós estamos sempre insatisfeitos com nossa compleição física, ainda que essa insatisfação esteja mascarada de satisfação. Digo isso, pois existe um movimento constante no mundo e ele revela a todos uma implacável mudança.
Tentamos, por infindáveis vezes embelezar nosso aspecto físico. Desnecessário é arrolar os instrumentos utilizados para tal finalidade. O que mais me chama a atenção não são os "embelezadores", mas sim o "juiz" de nossa beleza.
Esse "juiz" recebe o nome de espelho. Sua presença é diária e intoxicante.
Não posso deixar de perceber como o espelho é algo interessante.
Esse objeto passou por contos de fadas, por filmes de terror do tipo B e agora todos nós temos essa poderosa máquina de verificação de beleza.
Por vezes o resultado de uma consulta ao espelho é terrível.
É comum não conseguirmos aceitar certas características de nossa constituição física. Isso leva ao abuso de comida, de exercícios, de drogas, de dietas, etc. Essas são formas de castigo e punição por não sermos perfeitos.
É como se o espelho julgasse o seu físico. Se a decisão for condenatória, nós aplicamos a punição, castigando vigorosamente nosso corpo.
Mas, se punimos por não sermos perfeitos, pergunto: temos que ser perfeitos para quem?
Quem é essa criatura desconectada da peculiaridade humana que exige e cria expectativas para que possamos atendê-las? Que criatura perfeita em seus gerais aspectos pode exigir a perfeição, estabelecendo padrões e fulgazes parâmetros?
Proponha-se a deixar que essa criatura abandone o julgamento diário ocorrido no espelho.
Os únicos padrões, exigências e expectativas que devem nortear esse julgamento são os nossos.
Deixar-se levar por padrões de outras pessoas é negar o que nos faz únicos no mundo: a peculiaridade de ser. Todos nós somos... sim, simplesmente somos.
Alguns padrões são impossíveis de serem atingidos, pois seu único propósito é estimular o constante e eterno consumo de formas de castigo e punição por não sermos perfeitos.
Sendo apenas você mesmo, descobrirá quão maravilhoso você é, exatamente como neste instante.
Proponho um desafio a todos: tentem permanecer um dia inteiro sem visitar o espelho.
Posso afirmar que esse desafio é de assustar, ou você ou os outros.





